sábado, 29 de março de 2014

De novo ao coração.








   Ah... Literatura, como não amar? Quando me foi passado esse tema, confesso que pensei em escrever algo relacionado a uma obra literária ou autor/poeta. Mas então pensei que a melhor maneira seria “literar” a literatura, se isso é possível.

   Etimologicamente a palavra literatura vem do latim litteratura que significa "a arte de escrever". Mas na minha concepção, vai além disso, é algo que nos cerca. Estudamos literatura, ouvimos literatura, criamos literatura, vivemos literatura. Ela se apresenta em textos, músicas, poemas, tragédias dentre outros mil gêneros e coisas.
Durante uma aula da faculdade eu estava estudando sobre uma tragédia de Sófocles, “Édipo, Rei” em que inutilmente o personagem Édipo tentava fugir do seu destino, revelado pelo oráculo, destino este em que ele seria amante da sua mãe e o assassino do seu pai. Tá, mas você deve está se perguntando o que isso tem a ver com o que eu estava falando?Acredito que todos nós temos um pouco de Édipo e que a literatura seja nosso destino. Loucura, não é? Mas pense um pouco. Édipo deu tantas voltas, mas não pôde fugir do seu destino. Assim também é com a literatura. Não é algo que simplesmente podemos ignorar ou fugir, é algo que está intrínseco em nós, que está destinado/traçado, se assim posso dizer.

   A literatura nada mais é do que a recordação. A palavra recordação significa “De novo ao coração” (motivo do título). E é isso que a literatura nos transmite: a recordação daquilo que nós somos, recordação dos nossos sentimentos, a recordação da nossa humanidade/vida. Acredito que o verbo “viver” poderia ser utilizado também como “literatar” - "eu literato, tu literatas, nós literatamos...” - Afinal o que seria da literatura se não fosse a vida, e da vida se não fosse literatura?

   Queria terminar o post deixando um pouco da minha recordação/literatura/vida com vocês.

Ando pela rua e avisto uma senhora que avidamente carregava um balde sobre a sua cabeça,
Não tão avidamente para ser sincera, ela emanava cansaço.
Se o cansaço pudesse ser pintado, com certeza seria pintura do rosto daquela mulher.
O mais intrigante era o fato dela conseguir equilibrar o balde apesar de toda a fadiga.
Logo após ela, vinha um rapaz, quase senhor na verdade, que carregava uma menina nos ombros,
Parecia ser sua neta, ou filha, não sei ao certo.
Ambos carregavam algo,
Ambos carregavam vida,
Ambos carregavam conseqüência,
Ambos carregavam esperança,
Ambos levando a carga de suas escolhas
Ambos levando o que nós um dia também iremos levar,
No entanto, o peso e a maneira que essa carga será levada,
Cabe a nós, e somente a nós, determinar.

Taís D.C.






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário!